sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Comunicamos o falecimento do chaver Leão David Israel




O CIAM – Comitê Israelita do Amazonas, comunica o falecimento do chaver Leão David Israel, jornalista e personalidade histórica da sociedade amazonense, ocorrido em Manaus, em 21 de fevereiro último.Haverá Arbit na sinagoga Beit Yaacov – Rebi Meyr, todos os dias até a Mishmará de sete dias que será neste Shabat


Fonte: Semana CIAM

domingo, 20 de fevereiro de 2011

FIEAM LANÇA 2ª edição de " Amazônia: um pouco - antes e além depois" do Profº Samuel Benchimol

Será lançada a 2a. edição do livro "Amazônia: um pouco-antes e além-depois" do Prof. Samuel Benchimol Z"L.
O CIAM convida toda a Kehílá a participar e comparecer ao Auditório Gilberto Mendes de Azevedo na FIEAM - Av. Joaquim Nabuco 1919 no dia 24 de Fevereiro de 2011 às 18 horas.







Fonte: Semana CIAM

Primórdios do Sionismo no Brasil* Elias Salgado - Jerusalém,out/1997








Pesquisando sobre os primórdios do  Sionismo no
Brasil encontramos que as primeiras atividades sionistas
naquele país, tiveram início quase que simultaneamente , ao início das atividades do movimento na Europa.

No Brasil a iniciativa sionista, nasceu no coração da selva
amazônica, no seio da pequena e isolada comunidade sefaradita-marroqui, e já na virada do século XIX para o XX, travava contato com o diretivo do movimento sionista na Europa. Eram iniciativas isoladas, de um pequeno grupo de pioneiros ativistas, ainda sem nenhum cunho organizativo, fato que só viria a ocorrer na segunda década do  século XX.
Nasceu na Amazônia,pois ali existia,  desde as primeiras
decadas do sec. XIX, a única comunidade judaica organizada do país,na cidade de Belém do Pará, e em outros pequenos núcleos isolados, do hiterland amazônico.

Nos grandes centros do sudeste brasileiro( Rio de Janeiro
e São Paulo), não existia naquele então, uma vida judaica organizada comunitariamente. Fato que se daria, somente mais tarde, a partir da segunda  década do século XX, com o incremento da imigração européia.

Avraham Milgram, levanta a questão do porque desta iniciativa: se por razões humanísticas de solidariedade e identificação, já que nenhuma causa de outro gênero(tal como reação ao anti-semitismo, como no caso do ocorrido com os judeus da Europa),poderia ser apontada,dado que os judeu sefaraditas do Marrocos, na Amazônia, gozavam de uma vida próspera e tranquila.

Ele chama a atenção para a necessidade de um estudo mais profundo que assinale causas de tal questão histórica, apesar de citar o incidente ocorrido em 1901, nas cidades de Cametá e Baião, quando várias casas  comerciais de judeus foram saqueadas por membros da população local.
Milgram afirma, que tal incidente não deixou marcas na história destes sefaraditas.

Porém, neste ponto, creio ter encontrado um fato posterior, que acredito, tenha correlação com tal incidente e a reação da comunidade judaica local ao mesmo. Trata-se da alteração feita nos estatutos da antiga"Sociedade de
Exercício de Caridade"(Hebrá Guimilut Hassadim), da comunidade de Belém, de 1902, que na oportunidade incluiu nos estatutos, um novo objetivo da Hebra:"defender os irmãos, de qualquer perseguição injusta que por acaso pudessem sofrer em todo o Estado".

Tais atividades sionistas se configuram por correspondências mantidas com o diretivo do Movimento Sionista de então, e parcas contribuições financeiras a causa ( ao K.K.L.), objetivando a compra de terras na Palestina para assentamento dos chalutzim(pioneiros) e
criação de novos núcleos judaicos.

Apartir de 1908, ocorre uma mudanca de eixo no ativismo sionista brasileiro para o Sudeste do país , quando então inicia atividades o paraense de origem sefaradita marroquin,  David José Perez, nascido em Breves no Pará,mas que passa a viver então, no Rio de Janeiro), fundador do primeiro jornal judeu em lingua portuguesa, no Brasil " A Columna" (Ha Hamud), cujo um dos principais objetivos era a luta em prol da causa sionista.
Nos dois anos em que circulou, "A Columna" foi o centro de toda a atividade judaica e sionista da então nascente,comunidade de judeus do Sudeste e Sul
do Brasil.

Tal mudança de eixo,parece coincidir com o declínio da iniciativa sionista no seio da comunidade sefaradita - marroquí da Amazônia, ocorrida em função de desinteresse aparente pela causa, e dificuldades financeiras.
Apartir de então , o Sionismo brasileiro, será dirigido pelas
comunidades judaicas do Sudeste brasileiro,que tomavam
forma organizacional mais consistente, com a chegada
de levas imigratórias oriundas da Europa Oriental**.

*Trabalho apresentado durante pós graduação em Educação e História, na Universidade Hebraica de Jerusalém, 1997-98
** Apesar do presente trabalho haver sido escrito na década de 90 do século XX, fica evidente que seu conteúdo e valor histórico não perderam vigência. Porém gostaria de assinalar o declínio generalizado do chamado “ativismo sionista organizado”, como o entendíamos à época, por diversas razões que fogem a presente abordagem, exigindo um trabalho mais profundo sobre o fenômeno.
O que gostaríamos de registrar é o fato de que mesmo numericamente menores, as comunidades de Belém e Manaus, na atualidade, são as que,em termos relativos,  mais jovens enviam para diversos programas em Israel e que lá já existe uma comunidade de cerca de 300 olim, o que nos leva a pensar que um novo processo está em fase de conformação, e que o mesmo merece uma análise de suas causas,por parte dos estudiosos da temática.


Referencias bibliograficas:

Chaim Avni , "The origens of Zionism in Latin America" , in " The jewish presence in L.America - Elkin and Gilbert -1987
Avraham Milgram, " Precursors of Zionism in Brasil before the turn of the 20th. century", in  Frank Cass Journals – 1995
Maria Liberman: "Judeus na Amazonia brasileira -sec.XIX e XX).
Egon e Frida Wolff in, "Judeus nos primordios do Brasil Republica"
Jose Maria Abecassis in, "Genealogia hebraica"
Jornal ''A Columna" ("Haamud") , numero 1 de 14 de janeiro de 1916
Arquivo David J. Perez, The Central Archives  for the History of the Jewish People, Jerusalem, pag.124, doc.4

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Um " menino Jesus" perdido por Bôca do Acre - Elias Salgado



Da série: Boca do Acre , a “Macondo” dos Elmaleh


Mil famílias imigrantes ao longo de 200 anos . Jovens marroquinos e suas famílias espalhadas ao longo da imensa calha do Rio Amazonas, do porto Belém à Iquitos no Peru, deixando as marcas de sua presença em mais de 3  dezenas de cidades e pequenos vilarejos, distribuídos pelos estados do Pará, Amazonas, Acre, Amapá e Rondônia.

Seus rastros estão registrados em 4 comunidades remanescentes,com suas quase 700 famílias , nas centenas de milhares de descentes diretos e indiretos - os chamados “hebraicos”- elos partidos  do corpo nuclear que os originou pela assimilação e miscigenação. Estão também em sinagogas, clubes, instituições comunitárias, cemitérios, casas comercias, residenciais e indústrias,  na preservação e na prática de sua religião e tradições milenares, principalmente na memória de seus descendentes e nas suas histórias pitorescas sem fim.

Pinço aqui um minúsculo elo deste mosaico, para narrar uma pequena e singela passagem desta quase mitológica presença, duas vezes centenária, dos judeus no coração da floresta.

Somos parte de  “los nuestros”, o ramo Elmaleh deste imenso elo, que das montanhas da antiga Judéia , por sorte da história, aportou por longos séculos em terras de Ibéria, a nossa mítica Sefarad, onde construímos uma multi secular cultura da qual herdamos um ranço de orgulho quase desmedido pelas nossas coisas, que beira muitas vezes a algo próximo a uma aparente arrogância, onde chegamos a nos distinguir muitas vezes como “Sefatá”( sefaradi taor - o sefaradí puro, legítimo.).

Se bem que muitas vezes em nosso caso particular - não saberia bem explicar com exatidão o por que – também somos surpreendidos por um quê de simplicidade e modéstia quase austera , certamente herança do nosso querido pai e ele do seu... Nestas horas me lembro dos deliciosos personagens de Albert Cohem, os seus maravilhosos “Valorosos”, figuras do seu universo sefaradí realista fantástico, que a ficção daquele autor localiza nas ilhas greco-mediterrâneas. Eles como nós os Elmaleh e todos “los nuestros” da Amazônia, frutos da mesma sorte – o exílio de Sefarad...

Aqueles na ilha de Corfú e nós,   por uma razão(?) que carece uma longa explicação – uma outra história dentro desta -  viemos a ser a única família judia de toda a pequena e longínqua Bôca do Acre, cidade amazonense, nos confins do estado, já na fronteira com o Acre.

“Nossa Macondo”, palco do presente causo que a seguir lhes narrarei, era e ainda não se distanciou de ser, um pequeno vilarejo, com algumas centenas de habitantes, quando por lá vim ao mundo, naquele ano de 1958.


UM MENINO JESUS PERDIDO POR BÔCA DO ACRE

Até hoje é um mistério para mim, entender por que meu pai foi parar num pequeno povoado, cravado no entroncamento entre os rios Acre e Purus, já na fronteira do Amazonas com o Acre, mil  quilômetros distante da capital Manaus, sua cidade natal. Eu disse “para mim”, mas para ele e para outros milhares de judeus amazônicos, a razão era natural e lógica: o trabalho e a luta pelo sustento. O fato é que foi o que se deu - foi lá que nasci e vivi meus primeiros 4 anos. Primogênito de quatro filhos homens, eu era o xodó da minha jovem mãe, nossa querida “Vidinha”. Paparicado ao extremo, bebê gordinho e saudável, pele clarinha, olhos verdes e cabelos louros cacheados:

“Vidinha ele parece um anjinho barroco” diziam as amigas da mamãe, a quem ela implorava que não fizessem tal afirmação diante de meu pai, que como judeu tradicional e conservador, jamais iria aceitar ver seu filho com nome de profeta, ser comparado a um anjo, coisa em geral, relacionada com as imagens sacras cristãs... “Mas que mal há nisso, Vidinha, ele parece mesmo...” insistiam elas.

Naquele final dos anos 50, quando eu nasci, minha “Macondo” era uma antiga aldeia indígena, habitada por alguns milhares de caboclos, índios, nordestinos e seus descendentes, que foram  ali parar na época áurea do Ciclo da Borracha e da 2ª Campanha da Borracha, para trabalhar nos seringais da região, e alguns missionários cristãos europeus. Em resumo, gente loura e de pele e olhos claros como eu e  meu pai eram raridade na cidade.



A princípio, esta teria sido a razão maior do que se deu com a proximidade do Natal de 1959, quando eu era apenas um bebê. Mas há os que digam que o ocorrido se deu, principalmente, por questões políticas e comerciais, e até mesmo religiosas. Onde estaria a verdade? Eu mesmo, não possuo elementos para saber, já que apesar de protagonista do ocorrido, meu pouco tempo de vida não me permitiu nenhum registro de memória, e me vi obrigado a ficar com o ônus da dúvida...Há também uma quarta  possível explicação, mas esta me parece muito intrigante e está mais no âmbito do metafísíco do que do real...Mas vamos aos fatos.

Meus pais , recém casados, costumavam volta e meia sair de viagem com nosso barco, o “Estrela”, em geral à Rio Branco, para papai tratar de negócios ou irem de visita a amigos ou simplesmente à passeio. Uma destas viagens se deu próximo ao Natal e eu fiquei aos cuidados de uma das amigas de mamãe, Socorro.

Na igrejinha da cidade já estavam finalizando os preparativos para a festa natalina e as beatas davam trato à montagem do presépio da paróquia local, para a festa que ocorreria no dia seguinte.

Naquela manhã eu e Socorro tivemos a honra de receber a visita de uma ilustre comitiva enviada pelo pároco, com um nobre objetivo  e um singelo convite: que eu fosse o menino Jesus do presépio naquele ano.

As crônicas da “Vidinha” registram que eu realmente fiz o papel para o qual fui convidado e que a ira de meu amado pai z”l, quando ficou sabendo do ocorrido, subiu às alturas e desceu inúmeras vezes e que ele bradava inutilmente quase em prantos: “ Meu Rebi Shimon Bar Iochai, por que logo meu filho?!”

Inútil foi a busca pelos culpados, pois o fato já se havia dado. Passada a ira, meu pai resolveu computar o ocorrido na conta da vingança e da inveja daquela gente.

Anos após, quando eu já havia ouvido tal história inúmeras vezes e ria dela como quem escuta uma boa piada, ocorreu que estando de viagem à Tiradentes no feriado da Semana Santa com amigos, assistia aos preparativos de uma encenação do "Martírio" na porta de uma igreja, quando uma das organizadoras,se dirigiu a mim e me fez um convite surpreendente;

“ Você. com estes cabelos cacheados de anjo barroco, não aceitaria fazer o papel de  Jesus"?...

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Em fase de elaboração a Edição Especial de Pessach da Revista Amazônia Judaica



Prezados chaverim Shalom.


Após o enorme sucesso da Edição de 200 Anos da Presença Judaica na Amazônia (nov/dez – 2010}, temos o imenso prazer de anunciar aos nossos leitores e colaboradores, que a próxima edição já está em andamento.

Será uma Edição Especial de Pessach, e ela vem cheia de boas novidades e com o mesmo padrão de qualidade jornalística e gráfica, que já se tornou nossa marca registrada. Temos certeza que esta edição terá o mesmo sucesso da anterior, agradando plenamente a seus leitores, assinantes e colaboradores..

Portanto, apresentamos a seguir, aos interessados e colaboradores, a nossa tabela de preços para esta edição:

1. Mensagens (pessoa física, família).............300,00
2. Anúncios (empresas, instituições, profissionais liberais):
     1 página.............................................3.000,00
     ½ página............................................1.500,00
     ¼ de página..........................................750,00
3. Assinatura anual (10 “Chai”).....................180,00

Contamos com sua costumeira colaboração, sem a qual, este importante trabalho de resgate, preservação e registro do judaísmo Amazônico, sefaradita e mundial, não seria possível de se realizar/

Para mais informações e contato: portal200anos@gmail.com


Atenciosamente,

David e Elias Salgado – Amazônia Judaica

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Os Judeus no Teatro Amazonense


 por: Jorge Bandeira*
Elenco de atores da peça Eretz Amazônia de Marcio de Souza,
baseada na obra homônima de Samuel Benchimol
O Tesc apresenta mais uma produção teatral, num trabalho que praticamente emenda uma produção teatral com outra, demonstrando fôlego na atualidade do Teatro Amazonense, elevando seu repertório, garantindo, desta forma, a continuação de sua jornada teatral. Temos agora em Manaus a montagem de Eretz Amazônia, dramaturgia de Márcio Souza elaborada a partir de obra do importante pensador da economia amazônica, o saudoso professor Samuel Benchimol.

Eretz é um termo hebraico que remete, historicamente, aos caminhos e descaminhos do povo judeu à Terra de Israel, e não seria necessário lembrar neste pequeno artigo de crítica teatral que as andanças judaícas foram responsáveis pela formação de vários povos, entre eles, o brasileiro, e ERETZ insere esta importância ao rincões da Amazônia, de Belém a Manaus a influência decisiva da cultura hebraica fincou raízes sólidas nestas ensolaradas paragens.

A incorporação dos elementos ritualísticos, de aspectos econômicos, do prosaico e de um certo humor judaico fazem de ERETZ uma peça didática e objetiva sobre os percalços deste povo na densidade calórica amazônica, e a densidade aqui refere-se não só ao clima tórrido, mas às atribulações dos judeus amazônidas, nas mais diversas categorias de inserção (ou não!) social. Márcio Souza soube tirar proveito do cabedal de reminiscências de Benchimol e colocou em palco um texto aprazível, com atores e atrizes percorrendo de forma eficaz este “túnel do tempo” que levou, leva e continuará transportando uma história feita de intensas lutas para fugir do preconceito e do racismo, o que infelizmente não acabou, vista que até hoje pensamentos anti-semitas transitam feito um câncer que se espalha a partir do ódio e do rancor.

São sete sessões ou quadros, divididos em Celebração do Shabat, Na Solidão Amazônica, Vítimas da Migdal, A Vida de Regatão, Que Venga Los Otros, O Encontro dos Irmãos, Judeus Perdidos na Selva. Estes quadros, feito esquetes que se interligam pela narradora/cantora soprano Carol Martins e sua bela voz, com o acompanhamento sempre eficiente da Banda do Tesc, que preenche o espaço sonoro a partir de um praticável suspenso (mezzanino), o que dá um tom plástico muito bonito ao “teatrinho do Sesc”, local que funciona de forma ininterrupta, com várias peças ao longo do ano. A música é charmosa e bem executada, o espanhol é escutado em sua dramaticidade, na língua falada pelos primeiros judeus que aqui aportaram, oriundos do Marrocos espanhol. Lembro aqui, aos fazedores teatrais, que Fernando Arrabal nasceu em Melilla, no Marrocos espanhol.

O processo histórico-religioso percorre ao longo da peça os anos de 1880, em pleno auge do extrativismo da borracha amazônica, até 2010, com um evento recente e de grande repercussão na imprensa local, quando membros de uma tradicional família judaíca perderam-se numa excursão, numa mata fechada e de difícil acesso, sendo resgatados depois de algum tempo em meio aos perigos da Floresta Amazônica, entre feras selvagens e mosquitos.

A maquiagem pesquisada por Franck Padilha é feita na medida exata para rompantes de sofrimentos, como na cena tocante do regatão judeu e sua querida esposa. O figurino de Denise Vasconcelos consegue projetar aos espectadores todo um conceito de vestimentas que são dinâmicas, como a passagem do tempo histórico, e não exagera ou amplifica nenhum adereço ou roupa de personagem, o que torna a encenação de Márcio Souza vívida nos aspectos do Teatro Realista.

O trabalho do elenco, de forma geral, é de uma limpeza cênica que somente se intensifica nos momentos de euforia ou confusão, ou mesmo nos silêncios de um sentimento de perda ou dúvida quanto ao papel de um determinado personagem. Aliás, esta angústia existencial, é outro mote esclarecedor do texto que se coloca em cena com muita precisão, lembrando a trajetória de um ilustre judeu, Franz Kafka. E os atores e atrizes desempenham suas funções sem apelos dramáticos desnecessários, e Márcio, mais uma vez, foge do lugar comum e não transforma seu Eretz num panfleto feito de choro por um passado recente devastador aos judeus, seu Teatro, perspicaz, foge deste viés e coloca os judeus em um plano de grande importância, e o que é melhor, fragmenta os protagonistas em pequenas células histórico-teatrais, onde todo o povo judeu é contemplado dentro de sua diversidade.

É uma visão não fundamentalista do judaísmo, o que, em matéria de arte, muito nos enobrece, muito nos enriquece. A mensagem é Shalom, a paz necessária, seja em qualquer religião deste planeta, em qualquer agnosticismo, inclusive. Lembro que nos anos 80, na Zonarte do SESC, assisti deslumbrado ao trabalho da Iskon (Associação Internacional para a Consciência de Krishna) numa destas importantes mostras de Teatro, e assim como Eretz, a centelha da diversidade religiosa tocou a muitos que assistiram ao ritual Hindu que tratava de uma de suas inúmeras deidades.

Por isso Eretz tem tanta importância em nossa cena atual, que nos aspectos da religião está contaminada de sectarismos, seja por um “teatro cristão de circunstância estética duvidosa ou mesmo por sandices e crenças absolutamente ultrapassadas e retrógradas, onde um Teatro vira um pastiche fútil na mão destes artistas que tem uma viseira de cavalo nos olhos, indo sempre numa direção maniqueísta de eliminar o diferente, e isso sim, creio que seria um nazismo teatral!”.

Eretz faz a redenção do povo judeu sem precisar de um caçador de nazistas, um Simon Rosenthal, a força de sua encenação já é um tiro certeiro é lírico, uma forma bem mais eficaz de levar a história do povo de Israel, o velho e bom Teatro feito com apuro, dedicação e pesquisa. E só, basta.

A cena final em que os perdidos na selva encontram ao “Rabino Santo” é um dos pontos altos de Eretz, um momento onde o humor judaíco transborda no palco, levando ao riso aos espectadores, numa cena antológica que se finaliza com uma piscadela, no fechar do olho esquerdo de um ator talentoso, o “Rabino-Santo Muyal, Emerson Nascimento”. Só faltou uma coisa em Eretz, de quem senti falta: daquele baixinho de óculos iluminando mais uma vez a cena amazonense. Obrigado Lázaro! Pronto, terminei este texto chorando...
*Jorge Bandeira, historiador, pesquisador de teatro, crítico teatral, autor de espetáculos adultos, a exemplo de As Donas do Apocalipse. Manaus, 11 de outubro de 2010.(vicaflag@hotmail.com)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Todos os Tzadikim Marroquinos

Facsimile do convite para a Hilulá de Ribi Chaim Pinto - 1966 - Casablanca
Dentre as várias tradições singulares, surgidas entre os judeus marroquinos e preservadas por seus descendentes até os dias de hoje, está a de respeitar, honrar e preservar a memória de seus tzadikim.

Trazemos para vocês uma verdadeira pérola, "pescada" pela nossa querida chaverá Esther Dimenstein de São Paulo, grande amiga do Amazônia Judaica e suas iniciativas.

D. Esther, é na verdade originária de Belém,da família dos Levy, do ramo do saudoso e ilustre Major Eliezer Levy z`l., e descendente do venerado Grão Rabino, Ribi Chaim Pinto.

Participou da nossa excursão pioneira de 200 anos ao Marrocos e já está de malas prontas, ela e um grupo de amigas, para repetir a dose. Estão ansiosas pela divulgação do programa da viagem, que devemos divulgar em março, para saída em outubro. Aguardem!

Por hora, vale a pena dar uma olhada no link:

TOUS LES RABBINS MAROCAINS...


Shabat Shalom a todos - Blog AJ