terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O óbvio que nunca é tão óbvio assim!

Todos nós sabemos que o Dr. Marcos tem problema sério de coração! Ninguém aqui pode dizer, eu não sabia!!!

Nem por isso, o óbvio é tão óbvio assim!

Um ser humano de verdade, humano com todos; com seus familiares, com seus amigos, com seus correligionários, com seus colegas profissionais, com seus pacientes, verdadeiramente muito humano.

Mas também muito espiritual, muita alma, muita vida. Inúmeras vidas, talvez até mais que sete, vidas após a morte e até vidas passadas.

Meu mais exemplar aluno!

Sim, dar aula de hebraico para o Dr. Marcos, é mais que um prazer, é uma lição, é muito mais aprender que propriamente ensinar. E todos nós aprendemos com ele, eu, Raquelita e Moises, todos aprendemos com o Kito.

Meu querido e eterno presidente!

Trabalhamos pela comunidade juntos, mesmo assim de tão longe, eu aqui em Israel e ele aí em Belém, continuamos trabalhando. Sua vida sempre repleta de afazeres, compromissos, mas nada mais importante, nem mesmo seu consultório é mais importante que a reunião de Diretoria do CIP ou da Sinagoga, ou a Festa de Chanuká, ou a de Purim... que valor tem sua vida sem esses prazeres comunitários... simplesmente nenhum.

Seu final de semana é com a família, sempre reunido com suas meninas, Celeste, Ingrid, Ava, com Debora e Karen mesmo que a seu estilo, sempre em casa quando não viaja para Mosqueiro. Mesmo quando ligo de Israel o encontro em familia aos domingos.

Meu grande amigo!

Sabe aquela história do encontro marcado de Fernando Sabino, pois é, eu e Marcos temos um encontro marcado todos os dias, quando faço minhas orações diárias encontro com o Marcos, também quando estou lendo jornal, vendo televisão, ouvindo notícias, dirigindo meu carro, sempre temos um encontro marcado. Meu grande amigo, são poucos.

- Marcos olha o coração. Dr. se cuida, não brinca com ele...

E assim como sempre falamos do futuro... futuro da comunidade, futuro do Brasil, futuro do Estado de Israel, sempre do futuro... reluto, recuso-me a falar no passado.

Um homem com tanta vida, mesmo sendo o mais óbvio no seu caso, por seu coração, para mim, não é tão óbvio assim.

Ele não morreu e não morrerá jamais.

Desejar a Marcos Serruya, 120 anos de vida, é nada no oceano de tantos anos que ele tem pela frente.

Marquito, meu amigo, viva para todo o sempre!!!



David Salgado – Jerusalém

Quinta vela de Chanuka 5771.

Kfar Noar Iemin Orde – A Classe Brasileira no Monte Carmel

Quando de minha primeira aliah (imigração) para Israel, conheci ainda no avião, alguns brasileiros que estavam vindo para estudar na Classe Brasileira de Iemin Orde.
E assim, meu primeiro Shabat em Israel, em 1982, passei  em Iemin Orde. Que lugar lindo, que vista maravilhosa, e a Sinagoga então, recém inaugurada, era uma preciosidade.
Depois dessa primeira vez, nunca mais abandonei esse lugar. Estando longe ou aqui perto mesmo, sempre me empenhei e incentivei inúmeros jovens a virem estudar em Iemin Orde, um projeto no qual sempre acreditei e continuo acreditando.
Esta semana Iemin Orde foi manchete no país.
O Kfar Noar (Escola Integral para jovens) Iemin Orde, localizado ao sul do Monte Carmel, foi um dos lugares atingidos pelo fogo destruidor.
Na tarde da quinta-feira (02/12), teve inicio a tragédia no Monte Carmel. As colunas de fogo transformaram completamente o verde vida do Monte Carmel em um cinza pavoroso, causando a morte de 42 pessoas que sucumbiram-se nas chamas devoradouras nas ribanceiras do Monte.  Finalmente, depois de mais de três dias de fogo itenso ajudado por um inverno seco e sem chuvas em pleno mês de dezembro, o “the day after” amanhece em Israel com chuva, principalmente na região norte, inclusive no Monte Carmel.
Estimulam os especialistas que a recuperação natural da área afetada deverá levar no mínimo 20 anos para voltar a ter vida e afastar de vez a cor cinzenta das colinas.
Mas, para nós brasileiros esta tragédia tem um outro porque, tem um interesse bem maior.
Desde 1981 o Kfar Noar Iemin Orde, recebe jovens brasileiros vindos de todos os cantos do páis para um intercâmbio de um ano, pelo menos, onde estudam o segundo grau (de 1ª. a 3ª série).  Uma experiência incrível, onde podem desfrutar de uma vivência inesquecível, estudar hebraico, aprender religião, história e costumes judaicos, conhecer de ponta a ponta o país de seus ancestrais, estar no centro das atenções mundias, e tudo isso, estudando como se estivesse numa escola no Brasil. Isso é possível graças a Iemin Orde – A Classe Brasileira.
Em especial, Iemin Orde, representa muito para as comunidades da Amazônia. E por que?
É simples, nenhuma região do Brasil manda tantos alunos para a Classe Brasileira de Iemin Orde como a Região Norte. E isso vem acontecendo desde os primeiros anos do projeto.
Quantos jovens, alguns hoje não tão jovens assim, passaram por Iemin Orde, foram centenas se contarmos os quase 30 anos do projeto. Jovens de diferentes famílias como Benzecry, Nahon,  Serruya, Benchimol, Israel, Siqueira, Pazuello, Tayah, Laredo, Assayag, Abenssur, Elmescany, Abecassis, Larrat, Salgado, e muitas outras.
Enfim, nossa história não está completa sem o capítulo: Classe Brasileira de Iemin Orde.
Conversando com o Diretor do Projeto da Classe Brasileira de Iemin Orde, Shmil Kaufman, ele me disse que o fogo veio pelos lados, tanto pelo lado leste como oeste, foi consumindo tudo pelo caminho, inúmeras casas de madrichim do Kfar, parte do refeitório também foi consumido e infelizmente, os “bitanim” (dormitórios) dos brasileiros, tanto o bitam das meninas como dos meninos foi todo consumido pelo fogo. É claro que todos os alunos do Kfar, inclusive os brasileiros, já não estavam mais na escola, porém tudo o que possuiam foi queimado. Suas roupas, seus pertendes particulares, nada restou.
“Os alunos brasileiros, cerca de 30 jovens que estudam este ano no projeto, estão com data marcada para retornarem ao Brasil, entretando, como poderão viajar sem suas roupas e tudo o que trouxeram e o que adquiriram durante todo o ano?” Pergunta o diretor Shmil Kaufman.
E continua: “estamos empenhados em conseguir ajuda para comprar o mínimo de roupas para que os jovens possam voltar para casa com alguma coisa que seja. Por outro lado, já falamos com o Diretor Geral do Kfar Noar Iemin Orde, e ele me garantiu que tudo estará reconstruído e renovado em dois ou três meses, que não vamos desistir, e no menor tempo possível iremos reconstruir tudo novamente. Nosso objetivo maior agora, é não deixar que o projeto termine,   D-us nos livre, por uma uma tragédia assim ou qualquer outro motivo. Vamos, sim, tirar uma lição de tudo isso, vamos, agora, mais do que nunca, buscar apoio, fazer propaganda, fortalecer-nos de dentro para fora, para já no próximo mês de fevereiro, receber nossos alunos brasileiros com mais entusiasmo e um largo sorriso, como fazemos há quase 30 anos”, concluiu Shmil.
Portanto, fora o apoio emocional, espiritual, financeiro que podemos oferecer a esse lindo projeto que tem dado aos nossos jovens uma oportunidade diferente de vivência, experiência e educação, o que realmente podemos fazer, e devemos fazer, pelo Projeto Classe Brasileira, é continuarmos acreditanto nesse maravilhoso empreendimento, e termos a certeza de que tudo o que aconteceu foi um aviso, mas não de um possível fim, e sim de um novo e duradouro começo.
Logo, o que nos resta, como pais, judeus, brasileiros e finalmente amazonidas, é continuarmos dando aos nossos jovens das comuinidades de Manaus e Belém, a oportunidade de vivenciarem um ano de estudo no Kfar Noar Iemin Orde - a Classe Brasileira em Israel.
E finalmente, rezar para que o Carmel assim como Iemin Orde, possam se recuperar desta triste situação o mais breve possível.
Que possamos ouvir somente coisas boas daqui por diante!

David Salgado