domingo, 23 de maio de 2010

Monografia sobre judeus no Amazonas é defendida com louvor em Universidade Manauara

A ex-estudante e agora assistente social, Dina Paula Santos, apresentou no último dia 12 de maio à uma banca do Centro Universitário Nilton Lins de Manaus, formada pelas professoras Thalita Neves (orientadora da monografia), Érika Almeida (orientadora do projeto de pesquisa e grande incentivadora da pesquisadora e de seu projeto); e Márcia Irene Andrade (professora convidada), sua monografia de graduação cujo tema versa sobre a presença dos judeus no Amazonas e sua participação na formação econômica daquela região.

Dina defendeu brilhantemente sua pesquisa, recebendo assim o grau 10 “com louvor’.

A pesquisadora contou ao longo da sua trajetória, com total apoio do CIAM – Centro Israelita do Amazonas, vários membros da comunidade judaica de Manaus e dos diretores do PORTAL AMAZÔNIA JUDAICA.

Tanto o CIAM, através de sua diretora Anne Benchimol, quanto o AMAZÔNIA JUDAICA, representado por seu diretor, David Salgado, estiveram presentes no evento para manifestar sua solidariedade e apoio à Dina, por seu empenho, sua abnegação seu interesse por um tema que nos é tão importante e principalmente pela seriedade e alto nível acadêmico de sua monografia. Seriedade, esta que se comprova também pelo desejo manifesto de Dina, em seguir em seu mestrado, estudando a temática dos judeus na Região Norte e o AMAZÔNIA JUDAICA continuará ao seu lado sempre, como podem deduzir de suas palavras de agradecimento ao nosso portal: “ Mais uma vez obrigada pela ajuda, inclusive as dicas para o Mestrado!”

Parabéns Dina! Estaremos sempre com você.

A Câmara Municipal de Breves no Pará, realizou Sessão Solene para homenagear os judeus da Amazônia

Num pequeno mais expressivo município paraense aconteceu mais uma Sessão Solene comemorativa aos 200 Anos da Presença Judaica na Amazônia. Vejam o relatório de Iria Ferreira, ela própria descendente de judeus marroquinos – família Chocron – que nasceu, cresceu e vive no município de Breves, onde organizou sozinha com o apoio do Portal Amazônia Judaica esta importante solenidade.

“A Solenidade foi realizada na Câmara Municipal de Breves no dia 26 de março.

A Sessão teve início as 10:00h da manhã. Estavam presentes 12 vereadores do Munício de Breves além de outros de Portel e Bagre. A presidente da Câmara foi a primeira a se pronunciar. Em seguida foi cantado o Hino Nacional e o Hino do Município de Breves. Em seguida foi chamado a plenária o vereador Luis Afonso, conhecido na cidade como “Labinho”, ele foi o autor e responsável da proposta que culminou com essa homenagem aos judeus em/de nosso município.Em seguida chegou a minha vez. Subi a plenária e discursei, falando do projeto de comemoração de 200 anos da Imigração judaica na Amazônia. Depois foi exibido o documentário "Eretz Amazônia – os judeus na Amazônia", de David Salgado. Após a exibição do filme, expliquei aos vereadores e a plateia (formada por alunos da rede estadual e convidados), o sentido do documentário, a autoria e a produção. Depois cada vereador se pronunciou, todos elogiando a iniciativa e o trabalho que foi realizado. Logo em seguida veio a cantora local Elen, entoando a canção "Esperança".
Para finalizar, o grupo de dança da Escola Estadual na qual leciono, fez uma apresentação dançando o “Hava Naguila”.
Encerrada a Sessão fomos para o coquetel onde foi servido um bolo feito especialmente para o evento com o “Magen David” (Estrela de David).
A rádio local transmitiu a solenidade ao vivo.
Uma celebração muito bonita!”

Sem dúvida alguma Iria! Temos certeza que a solenidade foi muito bonita e emocionou todos os presentes que pouco sabiam da história da presença judaica na região Amazônica e especificamente no Município de Breves. Para citar e lembrar, o grande erudito judeu David José Perez z”l, autor de inúmeros obras como os Machzorim de Rosh Hashaná e Yom Kipur, plenamente conhecidos nas comunidades judaicas da Amazônia e outras comunidades de origens marroquinas, nasceu neste município.



Parabéns a Professora Iria Ferreira Morluf Chocron!

Marrocos 200 anos depois: um convite especial

Por: Elias Salgado

Até onde me alcança a memória, acho que as primeiras palavras que ouvi de meu querido pai, David bar Eliezer Elmaleh z”l, foi algo parecido com “meu ribi Shimon Bar o Raio!??? Ele as usava como expressão de alegria e também de reação à uma situação de gravidade ou mesmo quando estava muito zangado... E eu na minha pouca compreensão dos primeiros anos, não sabia muito bem o que elas significavam, mas logo pude registrar, ao menos, que se tratava de algo importante para ele e que por conseqüência deveria ser para mim e todos de nossa casa; apesar de que a palavra “raio” denotava, também, algo grave, mas ao mesmo tempo forte e que me instigava a curiosidade... E eu não estava nem um pouco equivocado, apenas ainda não sabia disso...

Alguns anos depois, a dita expressão ganhou pronuncia correta, mas ainda não real significado. Este veio ao longo do tempo, com a convivência familiar e comunitária, para em seguida, após melhores explicações e maior estudo, adquirir para mim, seu significado e significância devida: “meu Ribi Shimon Bar Iochai”.

O “meu” Ribi Shimon - atentem para a grafia ribi, pois ela é um “código genético cultural” específico - que é um só para a história e para a multi milenar tradição judaica, em particular para a de “los nuestros”, os descendentes daqueles pioneiros judeus oriundos dos “mellahs” marroquinos que aportaram ao norte do Equador, em plena Selva Amazônica, em princípios do século XIX.

Mesmo após anos de estudo e de conhecer sua iluminada trajetória de grande cabalista e de constar em nossa tradição, entre outras façanhas, como o autor da grande obra cabalística, o Livro do Zohar (Livro do Esplendor), não deixou de ser uma figura familiar, quase paroquial, ao contrário, ele continua sendo a expressão (no sentido amplo da palavra) de uma vivência, de uma ancestralidade a me acompanhar desde meus primeiros dias de vida, e que certamente me acompanhará quando eu partir para outras esferas.

Ribi Shimon Bar Iochai é apenas a grande ponta de um gigantesco iceberg - a cultura judaico-marroquina -, submerso em parte, no grande mar da civilização que o povo judeu construiu e segue construindo e preservando. Outros grandes cabalistas e grandes sábios do Talmud e da Torá estão registrados por nossa história, e em nosso caso específico, o dos judeus do Marrocos, muitos deles não são figuras distantes, em boa parte são nossos parentes e ancestrais...Quem de nós não possui em sua árvore genealógica um ascendente que foi um grande rabino, um grande douto das nossas leis?

Posso aqui falar do caso do ramo Elmaleh, apenas a título de exemplo e por ser este, o que melhor conheço, mas sei que minha afirmação supra é historicamente comprovada: as origens dos Elmaleh (cujo nome é oriundo do árabe medieval falado na península ibérica, remontam a Andaluzia, e já no século XI, são encontrados documentos que apontam para existência de sobrenomes com tal grafia ou similar a ela. Pois bem, tal genealogia, apenas uma dentre outras várias, possui em sua árvore, inúmeros nomes de rabinos, chegando até mesmo, de forma quase direta, ao grande sábio Yossef Caro, autor do Shulchan Aruch, uma das mais importantes obras da halachá (lei religiosa), certamente o mais completo e popular resumo do Talmud.

Por favor, não me entendam mal, não há nestas palavras qualquer tom de arrogância, ao contrário, o caso de minha família é apenas um exemplo como inúmeros outros, dentre “los nuestros”. Eu apenas o citei com o objetivo de chamar sua atenção para o que realmente é importante: que após 200 anos da presença dos judeus do Marrocos na Amazônia, somados a outros quatro séculos de presença no Marrocos, acrescidos de mais uns dezessete séculos de vida judaica na Península Ibérica, não estamos tão distantes (distintos?) daquele nosso passado/princípio. Claro que passamos por várias transformações, adaptações e etc, porém, na essência ainda somos os mesmos, como na música de Belchior – “Como nossos pais”...

Esta viagem às origens, tal qual a fiz agora, pode ser feita de diversas maneiras – cada um tem a sua. Porém, dar-nos a oportunidade ímpar de poder viajar neste túnel do tempo de nossas raízes, através de uma convidativa excursão ao Marrocos, acompanhados de nossos familiares e entes queridos e de nossos chaverim de comunidade, talvez seja algo que não devemos desperdiçar, concordam?

EXCURSÃO AO MARROCOS COMEMORATIVA DOS 200 ANOS DA PRESENÇA JUDAICO-MARROQUINA NA AMAZÔNIA
Clique na imagem e conheça todos os detalhes desta imperdível viagem.