sábado, 15 de janeiro de 2011

Tu b’Shvat

Por Rafael Stern*

A palavra “TU”, em Tu b’Shvat, é escrita em hebraico com as letras tet e vav, que correspondem, respectivamente, ao valor numérico de 9 e 6, somando 15.
Tu b’Shvat significa, portanto, 15 de Shvat, por ser esse o dia, no mês de Shvat em que se comemora o “Ano Novo das Árvores”.
Essa data não está explícita na Torá, mas na época do 2º templo. Era a data que dividia o ano em relação ao cálculo do dízimo sobre os frutos da plantação, segundo a lei judaica da época, na Terra de Israel.
Várias explicações estão relacionadas à escolha dessa data. O mês de Shvat é justamente o de transição entre o inverno e a primavera. O inverno é a estação chuvosa em Israel, e o que chove no inverno determina como será o resto do ano, em relação à vida das árvores silvestres e das plantações. Além disso, é nessa transição do inverno para a primavera que as sementes que estavam adormecidas no solo congelado começam a germinar,as árvores que perdem suas folhas na estação gelada com menos luz, começam a nascer novas folhas e a árvore que estava preservando energia, volta a crescer.
Durante os 2 mil anos de exílio judaico, os judeus não tinham costume de plantar árvores, pois não sabiam a duração de sua estadia em cada lugar, seja devido as expulsões ou fugas desesperadas de perseguições, ou mesmo da busca por outros lugares mais tolerantes ou com melhores condições de vida. O costume desenvolvido, então, para lembrar a data de Tu b’Shvat era o de comer frutos das sete espécies nativas, típicas da Terra de Israel. São elas: a Romã, a Uva, o Figo, o Trigo, a Cevada, a Azeitona e a Tâmara. Dessa forma, a ligação espiritual, geográfica e cultural com a Terra de Israel esteve sempre presente no âmago do povo judeu, e esse era um costume que demonstrava seu eterno desejo de retorno ao seu berço nacional, demonstrando como somente na Terra de Israel, o judaísmo poderia ser praticado e vivido de forma plena.
Com o retorno dos judeus à Terra e o reestabelecimento do Estado de Israel, o povo judeu voltou a plantar árvores e resgatou sua tradição agrícola através dos kibutzim e moshavim. Talvez pela privação acumulada de 2 mil anos, o amor pela terra e o anseio de vê-la florescendo,Israel, em 100 anos, passou do número de 5 milhões de árvores para 250 milhões, sendo o único país a entrar no século XXI com um saldo positivo de árvores.
No dia de Tu b’Shvat é costume plantar árvores pelo país inteiro. Novos bosques são criados, novas áreas verdes e nos kibutzim, todos os bebês nascidos desde o Tu b’Shvat passado ganham uma árvore em seu nome.
Este ano Tu b`Shvat acontece dia 20 de Janeiro e nós da comunidade de Manaus, estamos planejando um dia de plantio de mudas no domingo anterior, dia 16 de Janeiro. Pretendemos plantar mudas na rua Rabino Jacob Azulay, localizada no conjunto habitacional João Paulo II, na zona norte de Manaus. Já foi feito contato com os moradores que se mostraram muito Esse ano, Tu b’Shvat acontece no dia 20 de Janeiro. E nós, da comunidade judaica receptivos à idéia, já que a área de construção do conjunto foi drasticamente desmatada, onde antes era floresta amazônica intocada. Um ônibus deverá ser disponibilizado para ir e voltar, tendo como ponto de encontro a sinagoga.
Algumas referências das fontes judaicas à importância do plantio de árvores:
“’E quando vieres à terra e plantares árvore frutífera...’ (Vaikrá 19:23) D-s disse aos filhos de Israel: Ainda que a encontrares repleta de bens, não digas que permanecereis sentados sem plantar, senão que devereis ser prudentes com as plantações. Assim como chegardes e encontrardes as plantações de outros, também vós plantais para vossos filhos.” (Midrash Tanchuma, Parashat Kedoshim, capítulo 8).
“Desde a criação do mundo D-s não se ocupou inicialmente de outra coisa que não fossem as plantações, tal como se diz: ‘E plantou D-s um jardín no Éden’. Também vós, quando entreis na terra, não vos ocupeis inicialmente de outra coisa, senão das plantações. A isso se refere o versículo: ‘E quando vieres à terra e plantares…’” (Vaikrá Raba, 25).
“Rabi Simlai interpretou o seguinte: Por que razão Moshe Rabenu queria entrar na Terra de Israel? Acaso tinha que comer seus frutos, ou saciar-se de suas bondades? Moshe disse o seguinte: ‘Os filhos de Israel devem observar numerosos preceitos, que somente se cumprem na Terra de Israel’” (Sotá 14).
“Rabi Iochanan ben Zakai disse: Se estás plantando e te dizem: ‘Está chegando o Mashiach’ termina de plantar e somente depois vai recebê-lo (o Mashiach)” (Avot de Rabi Natan, capítulo 31).
“Pois o homem é uma árvore do campo”. (Devarim 20:19)

* Rafael Stern é sheliach de juventude da Comunidade de Manaus e o Representante(Peil)do Movimento Juvenil Sionista Habonim Dror na quelacidade.
Fonte:Nosso Jornal Rio – nº 71

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