terça-feira, 30 de novembro de 2010

Mensagem de Chanuká


No momento em que o povo de Israel se reúne para acender as luzes da Chanukiá e comemorar a Festa das Luzes e a libertação do Templo Sagrado das mãos de seus opressores gregos, o Blog AJ quer lembrar a todos que estamos nos aproximando do fim de 2010, um ano de realizações, congratulações e comemorações.


2010 - o ano do Bicentenário da Presença Judaica na Amazônia.


Que as luzes que agora acendemos, possam iluminar nossos corações e também as comunidades judaicas da Amazônia e suas diásporas por mais 200 anos, e digamos Amén.


FELIZ CHANUKÁ!!!



terça-feira, 23 de novembro de 2010

Novo Centro Cultural Resgata Legado de Maimônides

Un nuevo centro cultural junto a su tumba en la ciudad de Tiberíades (Tiberias) rescata el legado de Maimónides como pensador revolucionario y médico, en contraste con el tinte casi exclusivamente religioso atribuido a esta figura.

Autor de famosas obras sobre la teología y práctica judías, entre ellas sus magistrales interpretaciones de la Torá, Maimónides, nacido en Córdoba en 1135 y muerto en Al Fustat, junto a El Cairo, en 1204, está considerado por el judaísmo como el "gran maestro" de todos los tiempos, equiparable únicamente al bíblico Moisés.

Sus comentarios son estudiados de forma ininterrumpida en miles de seminarios rabínicos, lo que ha resultado en una casi entera monopolización de su obra y figura por parte de la ortodoxia.

"Precisamente la gran contribución de Maimónides fue su capacidad para combinar, para integrar toda la sabiduría: la que ofrecían el judaísmo, la ciencia, la medicina, la filosofía... todo ello, adornado por su gran capacidad educativa, hicieron de él lo que es", explica el rabino Gilad Mesing, encargado del nuevo centro.

Defensor del legado "universalista" del gran filósofo cordobés, Mesing busca dar fe del amplio espectro científico, filosófico y religioso abarcado por quien los judíos conocen como Ha'Rambam, acrónimo hebreo de "Rabi Moisés hijo de Maimón" (Rabí Moshé ben Maimón).
 
"Maimónides era un auténtico revolucionario, un pionero que renovó muchas cosas en muchos ámbitos", agrega Mesing mientras hojea viejas ediciones de su obra en distintos idiomas, de las cuales la más antigua en exposición es de 1480.
 
Situado a unos treinta metros de la tumba del filósofo, bajo administración del Comité de Lugares Santos, el Centro es una iniciativa privada que trata de insuflar aires nuevos a la peregrinación y culto religioso a su alrededor.

"Maimónides -explica- no quería que su tumba se convirtiera en lugar de peregrinaje. No creía en supersticiones, ni en prácticas cabalísticas, de hecho se oponía a todo esto porque lo veía como idolatría".

Miles de niños en edad escolar han pasado ya por el antiguo edificio de tres plantas rehabilitado y recubierto de piedra basáltica negra, típica de la zona y en particular de Tiberíades, a orillas del Mar de Galilea (Kineret).

La exposición gráfica y visual recoge sus primeros años en España ("No hay duda que sus grandes aspiraciones están relacionadas con el lugar donde nació y creció", dice Mesing), su paso por Fez (Marruecos) y su posterior desplazamiento a la Tierra de Israel para acabar sus días, a los 69 años, en Al Fustat.

Su muerte en Egipto, a unos 500 kilómetros, dio pie a numerosas leyendas sobre su lugar de reposo, algunas tan banales como que junto a Tiberíades fue donde se paró el obstinado camello que trasladaba su cadáver.

Pero Alón Lembritsky, asesor histórico del centro, descarta las leyendas y asegura que "no es una creencia que esté enterrado aquí. Es un hecho".

"Tenemos el testimonio de Rabi Yaacov, enviado de un seminario en París, que constató la existencia de la tumba unos 20 años después de su muerte", asegura.

La descripción que éste hizo apunta al mismo lugar donde se encuentra el venerado sepulto, una simple piedra semicircular en medio de una rotonda dividida por una mampara, para que hombres y mujeres recen por separado en las más estricta observancia ultra-ortodoxa.

Completa el sepulcro una gigantesca escultura rojiza con forma de corona visible desde toda la ciudad.

Lembritsky también trae a colación el testimonio de un historiador árabe, conocido del pensador y médico judío, que certifica que éste quería ser enterrado en Tiberíades por su cercanía a las tumbas de los famosos rabinos de la época posterior a la destrucción del Segundo Templo, en el 70 d.C.

Una época que precisamente Maimónides trató de esclarecer con sus tratados sobre la ley judía oral, y por las que fue atacado cuando sus oponentes le acusaron de querer imponerse al mismísimo Talmud.

Y es que para su época las interpretaciones del filósofo cordobés eran demasiado renovadoras, más aún cuando sus escritos contemplaban una amplia combinación de temáticas.

"Cuando hablamos de Maimónides es muy difícil separar las disciplinas. ¿Era más filósofo que hombre de fe? ¿Era más médico que astrónomo o matemático? Lo era todo a la vez y cuando escribía de medicina incluía preceptos de la Torá y viceversa", explica el historiador.

El centro pretende mostrar esa sabiduría humanista de Maimónides, simbiosis del razonamiento aristotélico y la sumisión absoluta a la autoridad divina, que contrasta con la imagen del rabino y hombre estrictamente religioso que predomina en el país. EFE

Samuel Benchimol: Um Pouco-Antes, Além-Depois - José Ribamar Bessa Freire

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SAMUEL BENCHIMOL: UM POUCO-ANTES, ALÉM-DEPOIS

José Ribamar Bessa Freire

08/07/2002 - Diário do Amazonas
Numa crônica divertida, Nelson Rodrigues afirma que os ingleses não existem. A Inglaterra é, portanto, uma paisagem sem ingleses. O inglês, tal como o imaginamos - o gentleman de porte altivo, maneiras elegantes, dotado de sense of humour - é produto da nossa fantasia. Quem, então, mora na Inglaterra? São pessoas como os hooligans, aqueles torcedores violentos, estúpidos e bárbaros. Nelson Rodrigues abre uma exceção: "o único inglês da vida real, de fala mansa e sentimentos nobres, vive no Rio de Janeiro, é o escritor brasileiro Antônio Callado".

As exceções certamente seriam duas, se o cronista tivesse conhecido Samuel Benchimol, nascido ali, na rua Quintino Bocaiúva, em Manaus, no dia 13 de julho de 1923. Paraense por parte do pai, Isaac, cujo berço foi o barranco do rio Tapajós, e amazonense por parte da mãe, Nina, nascida em Tefé, esse canceriano honrou sua dupla identidade amazônica. Mas, apesar disso, continuou sendo um inglês legítimo, porque sóbrio, discreto, elegante, transpirando serenidade, polidez, delicadeza. Enfim, um lorde, de fino trato, com o seu "perfil de medalha, de moeda".

Essa imagem do professor Samuel Benchimol, que acaba de nos dar seu último adeus, ficou registrada em minha memória, desde a primeira vez que o vi, em 1977, quando voltei do exílio. Naquele momento, a Faculdade de Economia da Universidade do Amazonas organizava um ciclo de debates sobre a re-divisão territorial da Amazônia Legal. Compareci à palestra dele, crente que iria encontrar um "coronel de barranco". Surpreendi-me com um conferencista charmoso, dono de um estilo requintado que cativava a todos com um discurso fluente, idéias claras, argumentos sólidos, apoiados numa lógica cartesiana, bem costurada.

Nos mapas que usou na palestra, percorria cada paraná, cada igarapé, com a mesma facilidade com que descia o rio Abunã, onde passou sua infância. O público ficou hipnotizado. No final, mesmo discordando de algumas conclusões, saí com as convicções abaladas e com uma vontade danada de ler sobre a Amazônia. Aliás, essa foi uma de suas funções: provocar a vontade de saber, estimular a fome do conhecimento, desafiar a inteligência a decifrar os enigmas tropicais.

Ninguém pode entender, hoje, a Amazônia, desconhecendo a vasta obra do professor Samuel Benchimol. Apaixonado pela região, ele estudou a sua formação econômica, com destaque para o período histórico da borracha: o seringal, o seringueiro, o migrante nordestino, a geografia, o contexto cultural, além de discorrer sobre os polos de crescimento, a zona franca de Manaus, a política florestal e as estratégias de integração.

Os seus livros refletem uma formação acadêmica sólida, primeiro a graduação na Faculdade de Direito do Amazonas, em 1945, seguida de um mestrado em Ciências Sociais, numa universidade americana, em Oxford, no Estado de Ohio, onde ele conquistou uma bolsa de estudo. Mas revelam também sua experiência de vida, especialmente depois da crise da borracha, que arruinou a empresa de seu pai, até então um bem sucedido empresário, aviador de estivas, ligado aos seringais. É o próprio Benchimol quem conta, no primeiro capítulo de seu livro "Amazônia: um pouco-antes e além-depois":

"Foram anos de luta, de pobreza de miséria e de doença, que trouxeram para todos nós as marcas indeléveis da penúria. (...) Eu próprio, na minha infância, conheci a penúria e a doença".

Benchimol custeou seu curso de direito, trabalhando como despachante de bagagens da Panair do Brasil, no expediente da madrugada, de 3:00 às 6:00 horas. Foi aí que ele entrou em contato com os imigrantes nordestinos, que acabaram se transformando em tema do seu primeiro trabalho de pesquisa. Ele escreveu "O Cearense na Amazônia", em 1942/43, depois de realizar centenas de entrevistas, a bordo de gaiolas, chatas e motores, nos armazéns do Porto de Manaus, na hospedaria de Flores e até no Leprosário do Aleixo. Documentou histórias de vida e o drama dos nordestinos, "só comparável com o dos judeus, no seu êxodo, diáspora e perseguição milenária".

Ele sabia do que estava falando. Conhecido e respeitado fora do Amazonas, Samuel Benchimol participou recentemente como co-autor de um livro organizado por Helena Lewin e editado pela UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, intitulado "Judaismo, Memória e Identidade". Seu artigo, bastante original, discute a situação dos "Judeus no Ciclo da Borracha".

A sua preocupação sempre foi desvendar a Amazônia, mesmo estando distanciado geograficamente dela. Sua dissertação de mestrado, escrita em inglês e defendida na universidade norte-americana em 1947, analisa o crescimento da cidade de Manaus no período pós-guerra, com um enfoque sociológico, ecológico e demográfico. Posteriormente, em 1953, escreveu a tese de doutorado "Ciclos de Negócios e Estabilidade Econômica - Contribuição ao Estudo da Conjuntura". Os gringos não pouparam elogios. "Ele possui uma mente analítica muito bem treinada", escreveu W. Cotrell, seu professor de Política e Sociologia.

Samuel Benchimol, empresário bem sucedido, professor universitário muito querido e admirado, foi, sobretudo, um organizador do conhecimento. Criou a Comissão de Documentação e Estudos da Amazônia (CEDEAM), da Universidade do Amazonas, da qual foi o primeiro coordenador. Mandou trazer de Portugal microfilmes de documentos de interesse para a história regional, existentes em arquivos de Lisboa, Porto, Évora e Coimbra, estimulando desta forma a pesquisa histórica. Contribuiu com recursos do próprio bolso para a realização desta tarefa, e isso numa época em que não havia leis permitindo abater do imposto de renda investimentos na cultura.

A notícia de sua morte nos chega pelo telefonema de um sobrinho, Amaro Júnior. Apesar de não ter tido o prazer de conviver com ele, nem de conhecer sua família, dói como se fosse uma perda pessoal. Não fui sequer seu aluno. Mas sou um permanente usuário de seus livros, com os quais estou em constante diálogo. Por isso, peço licença aos seus familiares para compartilhar com eles esse sentimento de luto. É que Benchimol já era um patrimônio da intelligentzia brasileira.

Decido interromper minhas atividades para prestar uma última homenagem ao mestre, formador de tantos discípulos. Sua partida não pode passar assim, em branco. Sua contribuição tem que ser lembrada pelas novas gerações. Infeliz do povo que não cultua a memória daqueles que souberam tão bem penetrar na alma coletiva para revelar sua identidade.

Ali onde existir um estudioso interessado na Amazônia, onde houver um leitor preocupado em pesquisá-la e entendê-la, ali o amazonense Samuel Benchimol - o "último inglês" - estará presente com seu largo sorriso, fertilizando o saber, um pouco-antes e além-depois, com suas idéias, seu charme, seu talento e sua paixão pelos estudos regionais.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Artigo conta a história do renascimento do judaísmo na Espanha atual

O renascimento das comunidades judaicas na Espanha após 1945
 Hélio Daniel Cordeiro


Por lei de 17 de julho de 1945 foi promulgado o Fuero de los Españoles, primeira norma constitucional do franquismo que regulou o regime das confissões ou comunidades religiosas não-católicas - entre elas, a judia -, como norma que passou a nível de Lei Fundamental da nação, depois do referendum de 6 de julho de 1947.

O cardeal primaz da Espanha, Pla y Deniel, manifestou a respeito que judeus e protestantes eram livres para exercer seu culto privadamente, pois o Foro dos Espanhóis era "uma espécie de ação amistosa aos estrangeiros que residiam na Espanha." A prática pública, todavia, ficava proibida.

Este ato legal criou uma nova e especial situação. Desde o final da guerra civil até a promulgação do Foro dos Espanhóis, a comunidade judaica na Espanha sofria um vazio normativo que a impedia inclusive de exercer o simples culto organizado ou privado. A Espanha passava de uma confissionalidade doutrinal e excludente, de unidade religiosa na fé católica, a um regime de mera tolerância - não liberal - de outros cultos não-católicos.

O influente jornal inglês Jewish Chronicle arremeteu contra a Espanha e assinalou que "nem sequer a Rússia soviética impôs semelhantes restrições à prática religiosa."

O Foro dos Espanhóis constituiu o início de um novo período da vida judia na Espanha. Em 23 de outubro de 1945, Jacques Danon e Samuel Maytek, em suas condições de vice-presidente da comunidade judaica de Barcelona e responsável pela Chevra Kadisha local, respectivamente, solicitaram ao governador civil, Bartolomé Barba, autorização para "continuar o livre desenvolvimento de suas atividades, de acordo com as recentes disposições da Superioridade."

Diante da negativa do governador, Fortunato Benarroch, presidente da comunidade dos judeus de Ciudad Condal, expôs a contrariedade a Isaac Weissman, delegado em Lisboa do Congresso Mundial Judaico para a Espanha e Portugal. Weissman pediu a intervenção de seu amigo Nicolás Franco, embaixador em Portugal e irmão do chefe de Estado espanhol, que em seu regresso de uma viagem a Madri, em 6 de dezembro de 1945, lhe comunicou que depois de haver efetuado diversas gestões junto ao Ministério do Governo, não existia inconveniente algum em que os judeus residentes em Barcelona pudessem ter um templo para suas práticas religiosas. Detalhe: A sinagoga e as celebrações de culto deviam ser feitas "sem signos exteriores nem manifestações na via pública."

Em 10 de janeiro de 1946 Bartolomé Barba recebeu uma carta do ministro do Governo, Blas Pérez, informando-lhe que no último Conselho de Ministros presidido pelo chefe do Estado, Francisco Franco, ficou acertado "autorizar a abertura de uma Sinagoga em Barcelona." Quatro dias depois, o governador civil comunicou esta decisão ao chefe superior da Polícia e ao presidente da comunidade judaica de Ciudad Condal.

A vida comunitária dos judeus residentes em Madri desapareceu no início da Guerra Civil Espanhola. A pequena comunidade que permaneceu durante o período da Segunda Guerra Mundial era pouco religiosa. Em fins de 1945, imediatamente depois da guerra, o número de famílias judias não ultrapassava 50, sendo muitas asquenazitas.

Ao final de 1948 os dirigentes Ignacio Bauer, Moisés Lawenda e José Cuby solicitaram autorização para abrir um templo de culto judaico. No anoitecer do domingo, 2 de janeiro de 1949, com um público de 35 judeus, aconteceu a inauguração solene desta sinagoga.

Em 29 de setembro de 1949 chegou à Espanha uma comissão mista de senadores e congressistas dos Estados Unidos, convidados pelo Governo de Franco para conhecer a realidade do país. Entre os congressistas, Abraham Multer, representante de Nova York, se interessou pela situação dos judeus na Espanha. Tanto em Madri como em Barcelona se entrevistou com os presidentes de ambas as comunidades.

Bauer e Enrique Benarroya lhe comunicaram suas preocupações e lhe solicitaram que interviesse por maior liberdade perante o governo espanhol.

Em princípios de fevereiro de 1949 a Espanha pôs em marcha um mecanismo para se aproximar do novo Estado de Israel. Depois de um desalentador primeiro intento em Washington, Daniel François Barukh foi o próximo mensageiro. O então presidente da comunidade judaica de Madri era uma pessoal ideal para os projetos do Ministério de Assuntos Exteriores, devido às suas relações e contatos em Israel.

Barukh escreveu a seu primo Elie Eliachar, destacado dirigente sefardita, deputado da Knesset e durante alguns anos vice-prefeito de Jerusalém, para que transmitisse ao ministro das Relações Exteriores de Israel o seguinte:

1) O Governo da Espanha vê com agrado o êxito de Israel. 2) Está particularmente interessado na amizade e bem-estar dos sefarditas. 3) Se Israel deseja ser reconhecido e cambiar diplomatas, deve enviar um representante. 4) Um contrato comercial seria bem recebido depois de que os Gabinetes econômicos de ambos os países realizem um estudo."

Nesta carta, Barukh adiantava que, se Moshe Sharett enviasse um representante - "preferivelmente sefardita" - com plenas credenciais, teria um êxito imediato. Por indicação de Sharett e do diretor-geral de Política Externa de Israel, Walter Eytán, a carta-resposta de Gershom Hirsh, diretor da Divisão da Europa, diz:

"Depois de muitas consultas e deliberações, o Ministério de Relações Exteriores decidiu recusar por certo tempo o estabelecimento deste tipo de relações. Com toda certeza voltaremos a tratar desta questão dentro de alguns meses."

O caminho seguinte foi articulado através de Paris para Barcelona. José Erice, por mediação de seu amigo Arístides Peña, com ótimas relações com a comunidade judaica de Barcelona, enviou a Benarroya cartas pedindo que intercedesse às autoridades israelenses por um mútuo reconhecimento.

Após muitos entraves políticos, em abril de 1950 no Ministério de Assuntos Exteriores de Israel se elevaram algumas vozes que consideravam benéfica para os judeus da Espanha o reconhecimento mútuo, o que ocorreu plenamente apenas em meados dos anos 80.

Entre 1960 e 1961 o general Franco ordenou à Presidência do Governo espanhol cooperar com o Serviço Secreto de Israel, para favorecer a emigração clandestina dos judeus marroquinos. Isser Harel, chefe do Mossad de 1953 a 1963, confirmou a ajuda.

Com a operação do Mossad, dos 420 mil judeus que em 1960 viviam no Marrocos, no ano seguinte restaram apenas 250 mil, dos quais 30 mil conseguiram emigrar por outros caminhos para Israel e, em menor medida, para França e Espanha.

A fim de facilitar este êxodo, foi criada uma organização clandestina para que das cidades de Ceuta e Melilla os judeus embarcassem com destino a Algeciras, Málaga e Gibraltar, e destes portos, a Israel.

Alguns dos organizadores desta operação vivem hoje em Israel, como José Suiza Chocarem. O agente secreto do Mossad responsável pela operação batizada de Yakhin foi Shmuel Toledano.

A década de 60 é sumamente importante para o desenvolvimento da vida judia na Espanha. O país passou nesse período de um regime de confissionalidade de Estado, exclusivamente católico, a um sistema de maior tolerância com a promulgação da Lei de Liberdade Religiosa de 1967.

Neste mesmo sentido cabe destacar a criação do grupo de Amizade Judaico-Cristã, a celebração do Concílio Vaticano II e a promulgação de Declaração Nostra Aetate.

As comunidades judaicas espanholas receberam o reconhecimento legal por parte das autoridades e seus estatutos foram aceitos. As manifestações e atos de conteúdo sefardita se intensificaram e o Governo concordou em criar nesta mesma década o Museu Sefardita e o Instituto de Estudos Sefarditas.

Graças à liberdade religiosa garantida por lei e ao trabalho bem orquestrado entre as lideranças judias de Madri e Barcelona, novas kehilot se desenvolveram por demais cidades.

Em 1966, os judeus que viviam na Espanha se distribuíam geograficamente da seguinte forma: Barcelona, 3.000; Madri, 2.000; Melilla, 1.500; Ceuta, 400; Málaga, 400; e uns 150 em Valência. Números menores se encontravam ainda em Sevilha, Córdoba, Maiorca, San Sebástian e nas Ilhas Canárias.

Caso muito interessante, semelhante aos marranos do vizinho Portugal, são os chuetas de Maiorca. Tratam-se de descendentes dos judeus que habitavam a ilha no período mourisco. Ainda que obrigados a se converterem ao cristianismo em 1435, continuaram vivendo durante séculos como comunidade criptojudaica, demonstrando como os criptojudeus portugueses uma capacidade singular de sobrevivência.

Durante a Segunda Guerra Mundial, exatamente no ano de 1942, por solicitação dos agentes da Gestapo instalados na ilha, a polícia espanhola iniciou uma investigação sobre a situação e número de descendentes dos judeus conversos, sob o pretexto de indagar uma possível conexão entre os chuetas e representantes de organizações judaicas.

A investigação se concentrou em dados históricos sobre a identidade familiar das pessoas condenadas pela Inquisição e foi pedida a um historiador local indicado pelo arcebispo de Maiorca.

Este historiador informou aos investigadores espanhóis e alemães que 35% dos habitantes da ilha eram descendentes de judeus ou de pessoas acusadas de judaizantes pela Inquisição. Esta cifra, todavia, parece ser muito elevada. O mais realista seria 18%. Segundo fontes consultadas, o número fora duplicado para confundir os nazistas.

O ano de 1992 foi decisivo para a aproximação entre a Espanha, os judeus de todo o mundo e o Estado de Israel. A data lembrou os 500 anos do Decreto de Expulsão dos reis de Castela e Aragão, Isabela e Fernando, mas principalmente foi um marco de revisão histórica, de mea culpa pública do rei Juan Carlos em nome da Espanha passada e do nascimento de um novo entendimento.

Que a lição de aproximação de 1992 entre judeus e espanhóis inspire outros povos a buscar a paz mútua, que inspire israelenses e árabes, espanhóis e bascos.

Nota: Conferência proferida no Teatro Arthur Rubinstein, da Hebraica-SP, durante evento "Sefarad, la España Judía", promovido pelos consulados da Espanha e de Israel.

Fonte: Revista Judaica - nº 13/maio 1998

41ª CONVENÇÃO DA CONIB EM MANAUS HOMENAGEARÁ 0S 200 ANOS DA IMIGRAÇÃO PARA A AMAZÔNIA

Nos dias 19 e 20 de novembro, acontecerá a “41ª Convenção Anual da Confederação Israelita do Brasil/Conib”. O evento ocorrerá em Manaus para celebrar os 200 anos da Imigração Judaica à Amazônia.

A programação começará com as boas vindas do presidente do Comitê Israelita do Amazonas, Davis Benzecry, e pelo presidente da Conib, Claudio Lottenberg, e seguirá com palestras do empresário Jaime Benchimol, dos jornalistas Caio Blinder e Carlos Brickmann, e do economista Ivo Bucaresky sobre o cenário político para 2011, questões relacionadas a gestão comunitária e política do Oriente Médio.

Também haverá a entrega do “Prêmio Samuel Benchimol”, que contemplará a melhor redação sobre a saga desses judeus vindos do Marrocos.

Na oportunidade, David Salgado, diretor do Portal Amazônia Judaica, que também estará presente ao evento, lançará a Edição Especial da revista Amazônia Judaica, mais um marco importante, deste exitoso e histórico calendário de festejos do Bicentenário da Imigração para a Amazônia








terça-feira, 9 de novembro de 2010

Evento na Espanha mostra vida nas comunidades da diáspora sefaradi-marroquina




Casa Sefarad convoca, con la colaboración de la Federación de Comunidades Judías de España, un encuentro con aquellas comunidades sefardíes del mundo cuya génesis se remonta a las comunidades asentadas en el norte del actual Marruecos. Tetuán, Tánger, Larache, Arcila, Nador, Xaouen, fueron lugar de destino de los judíos procedentes de la Península Ibérica en diversos momentos de la historia. Su identidad judía, los siglos de presencia en tierras hispanas, la influencia del medio árabe, conformaron una cultura rica en matices y singularidades que se manifiesta entre otras en el vestuario, la lengua hablada y escrita (Jaketía), la gastronomía, las especificidades de la liturgia matrimonial. La segunda mitad del siglo XX produjo una progresiva merma de las comunidades, cuyos miembros fueron retornando a España o recalando en puntos geográficos diversos como Toronto, Caracas, Lisboa, o Buenos Aires, desde los que aún custodian y promueven su legado histórico y su sentimiento de pertenencia.

Durante 3 días tendrá lugar un encuentro compuesto por citas institucionales y actividades culturales, abiertas éstas al público. La excelente disposición del Ayuntamiento de Segovia  y de la Fundación Tres Culturas ha permitido que “Los Hispanojudíos de Marruecos y sus diásporas” se extienda de Madrid (15-nov.) a Segovia (16 nov.) y Sevilla (17 nov.). En el aspecto institucional se prevé un calendario de recepciones por parte de las autoridades así como la adhesión de las comunidades a la plataforma Erensya que a propuesta de Casa Sefarad-Israel ya aglutina a las comunidades sefardíes del Este de Europa. Las jornadas vespertinas se reservan a actividades culturales:  debates, cine, música, que nos descubrirán las señas de identidad del mundo perdido y recobrado de los hispanojudíos de Marruecos.
Los Hispanojudíos de Marruecos y sus diásporas
15-17 de noviembre (Madrid, Segovia, Sevilla)

Fonte: http://www.casasefarad-israel.es/

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

VII CONFARAD HOMENAGEIA OS 200 ANOS DOS JUDEUS NA AMAZÔNIA


Na sua sétima edição, o CONFARAD (Conselho Sefaradi), homenageou a comunidade judaico-marroquina cuja imigração para a Amazônia se iniciou há 200 anos. O evento, o mais importante da comunidade sefaradi no Brasil, reuniu durante quatro dias no Hotel Pestana, na zona sul do Rio, pesquisadores, sociólogos, professores, líderes religiosos e representantes de várias comunidades judaicas do Brasil e do exterior.


Assimilação, holocausto sefaradi, a questão dos bnei anussim, a situação das escolas judaicas, o ladino, o multiculturalismo na sociedade israelense, a presença da cultura sefaradi em vários aspectos da cultura no Brasil, foram alguns dos temas discutidos

O encontro teve como objetivo o maior entendimento da cultura, tradição e história sefaradi e oriental e conscientizar a todos da importância da preservação e transmissão desses valores para as próximas gerações




Fonte: FIERJ DIGITAL